Mauro recebeu enfim a grana do processo. Largou o emprego. Comprou uma chácara perto de um grande lago e logo se mudou pra lá com a família. Depois de tanto sofrimento Mauro poderia enfim descansar. Mas aquela alegria duraria pouco. Sua mulher se engraçou com um cara mais novo e o largou. Mauro caiu na bebedeira. Passava o dia na beira do lago. Seus filhos ficaram preocupados. Mas pegaram parte da grana e voltaram pra cidade, deixando o pai sozinho com suas dores. Certo dia Mauro decidiu se matar se atirando no meio do lago e pra isso ele pegou o pequeno barco do caseiro e remou o mais longe da margem. Levou uma garrafa de cachaça e uma pequena caixinha de som. Parou o barco no meio do grande lago e iniciou sua preparação enquanto tomava generosas doses da cachaça. De repente um pequeno peixe se joga dentro do barco. Mauro interrompeu o trago e voltou seu olhar desiludido pro pequeno peixe. Você também quer se matar, peixinho? O que aconteceu contigo? Foi abandonado pelos outros peixinhos da sua família como eu fui? Eles também não te querem feliz? E o peixe agonizava no soalho do barco, como se rejeitasse responder todas aquelas questões. Mauro deixou-o ali a se debater até que morresse de vez. É assim que eu vou estar daqui a pouco, debaixo dessas águas, pensou com amargura. Mauro tomou outro trago e olhou pra imensidão do lago. Percebeu que a caixinha de som estava desligada e ligou-a. Coisa bonita tudo isso, disse, suspirando. Decidiu ir até o outro lado do lago. Desceu do pequeno barco e se ajeitou na areia quente, onde logo adormeceu.
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